sábado, 22 de fevereiro de 2014

TEXTO PARA ANÁLISE - p.504

1- “Os combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-se; comoviam-se." " Custava-lhes admitir que toda aquela gente inútil e frágil...bombardeados entre outros... Comoção e tristeza dos soldados diante dos prisioneiros. sentem vergonha diante da vitória que conquistaram. Não. Todo trecho é marcado pela subjetividade.O relato descreve de um ponto de vista pessoal o impacto que a rendição daquelas pessoas causa nos soldados. Assim, o relato se distancia da objetividade que caracterizaria o simples retrato da situação apresentada , para se transformar na tradução “humana” da tragédia em que a luta tinha se convertido. 2- Eles são apresentados como uma “legião desarmada, mutilada, faminta e claudicante”. São mulheres, crianças e velhos debilitados pelo conflito e marcados pela magreza, pela miséria, pela dor. Os vencidos parecem uma procissão de infelizes que trazem no rosto e no corpo as marcas da violência indescritível do conflito: um “longo enxurro de carcaças e molambos". a) O relato denuncia a realidade que determina o conflito de Canudos e torna o massacre dos rebeldes ainda mais terrível. A caracterização daqueles que viviam em Canudos dá a exata dimensão do desconhecido sertão: uma sociedade miserável e arcaica, ignorada pelas regiões mais desenvolvidas e urbanas, com uma população analfabeta e desnutrida, que poderia ser facilmente conduzida por líderes religiosos como Antônio Conselheiro.Esse era um Brasil de mazelas que precisava ser conhecido pelas elites brasileiras e integrado à nacionalidade. b) É a descrição da criança, carregada por uma velha, cujo rosto teve a face esquerda arrancada pelo estilhaço de uma granada.Segundo o texto, aquela era “a criação mais monstruosa da campanha”. 3- a) A estrutura paralelística, marcada pela apresentação dos termos “mulheres”, “crianças” e “velhos”, retomados depois da repetição o dos termos “sem-número”, intensifica a sensação de que aquela guerra era um combate desumano e vergonhoso contra pessoas que não tinham como se defender.O texto acaba por enfatizar, pela força da repetição, a monstruosidade daquele conflito cujos prisioneiros formavam uma procissão de “infelizes” que chocavam pelo estado de miséria e desamparo. b) O texto destaca, nas mulheres, a velhice: moças e velhas se igualam na procissão de infelizes que caminham. Em todas elas, a marca do sofrimento e da miséria se traduz na aparência envelhecida e na “fealdade”. Outro elemento as caracteriza: os filhos, que são muitos e são apresentados quase como parte integrante dessas mulheres (estão “escanchados nos quadris”, encarapitados às costas”, “suspensos aos peitos murchos” ou são “arrastados pelos braços”). 4- A divisão revela uma concepção determinista, característica do século XIX (usada principalmente pela literatura Naturalista), que defende que o homem é fruto do meio, da raça e das condições históricas.Na primeira parte, “A Terra”, analisa-se o meio. Na segunda, descreve-se a raça. A partir da combinação desses fatores, tenta-se uma explicação para o conflito de Canudos. O tema regionalista já havia sido abordado pelos românticos de forma descritiva, idealizada e sentimental. Os sertões, pela primeira vez, trata uma região, o Nordeste, de maneira crítica, apontando seus problemas característicos: a seca, a miséria, as condições difíceis de sobrevivência , o atraso social e o abandono a que os sertanejos estavam relegados pelas elites dos centros urbanos do Brasil.

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